One Way Ticket

Gianni Mimmo

CD
Feb 2006

Tracklist

_marina (t.s. eliot)
_ask me now (monk)
_die sonne op.14 (webern)
_collateral (g.m.)
_highway tale (g.m.)
_interlude #24 (g.m.)
_introspection (monk)
_furniture (f.cumar)
_the bath (lacy)
_interlude #36 (g.m.)
_reincarnation of the lovebird (mingus)
_unsaid e. (g.m.)
_paris blues (ellington)
_jamaican farewell (r. mitchell)
_trieste (t. scialoja)

Credits

soprano sax, speaking _ gianni mimmo
march&july '05 _ murec studio, milano, italy
sound engineer _ paolo falascone
accurate mixing _ lorenzo dal ri & xabier iriondo
production _ amiranirecords
outside photos _ mario longo
inside photos _ elda papa
graphics _ mirko spino

one way ticket dedicated to sebastiano mimmo

One Way Ticket

Gianni Mimmo - Collateral by Amirani Records

Beats for Peeps
João Morado

Depois de uma primeira investida que veio a público em 2018, o trio italiano Clairvoyance – formado por Gianni Mimmo (saxofone soprano) e pelo duo sardo Silvia Corda (piano e “toy piano”) e Adriano Orrù (contrabaixo) - voltou recentemente à carga com mais um interessante álbum, novamente cunhado com o selo da Amirani Records. Transient é o título deste novo trabalho lançado em meados de 2022. Vem acompanhado de uma bela epígrafe, um haiku de Masuji Ibuse que capta com toda a síntese característica deste tipo de poesia o carácter efeméro – tão trágico quanto natural – de tudo aquilo que é transitório: “Like flowers in a storm, / life is full of goodbyes.”

Estabelecido o tom da conversa nesta cápsula de sentido, segue o trio para uma sessão de aproximadamente 40 minutos de improvisação livre que ora converge para música não-idiomática ora diverge para jazz de faceta clássica. Mimmo, Corda e Orrù são três músicos experientes e criativos, que criam histórias em tempo real como se contassem uma lenda antiga, há muito por eles decorada e aqui apenas reinterpretada e modificada em prol da gravação. Todos dominam a arte da improvisação e facilmente iludem o ouvinte em relação à incerteza do passo seguinte. No fundo, um improvisador é um mágico que em vez de manipular a atenção do espectador, joga com a expectativa do ouvinte.

É esta arte de criação de música livre e espontânea, conjugada com um domínio cabal dos respetivos instrumentos, que faz com que os Clairvoyance criem em Transient uma espécie de longo notturno reinventado, que renuncia à serenidade da noite tão celebrada pelos compositores românticos para antes se debruçar sobre os seus elementos de circunspecção e mistério. Quem segue os lançamentos da Amirani Records já conhece os talentos de Gianni Mimmo e a sua capacidade de se reinventar consoante os músicos com que toca. Neste Transient, o seu saxofonismo revela-se ruminativo e disruptivo – como atestam temas como “Shinjuki” e “Tilting At Crazy Angle” -, apesar de que pontualmente lírico e conciliador. Por ser bastante reactivo ao pianismo sempre inquisitivo de Corda, saxofone e piano envolvem-se amiúde em ostinatos partilhados que dão tração à narrativa. A tensão é um polo constante, e não se pode dizer propriamente que chegue alguma vez a ser resolvida. Talvez seja mesmo esta recusa de estabilidade que torna os raros momentos de consonância num bálsamo que traz uma inesperada airosidade, como a que se sente em “Ripping Lake” quando linhas melódicas perpendiculares se cruzam por instantes numa harmonia reconfortante. Este trabalho, porém, é sobre efemeridade, e o trio salta de cena em cena, ora tocando a baixo volume numa contrição calculada (“Transient Clouds”), ora mergulhando em águas turbulentas onde o caos impera (“Those Telegraph Poles”). Adriano Orrù é o mais textural dos três músicos, por vezes mesmo preterindo qualquer tonalidade para se aventurar por abordagens puramente rítmicas baseadas em técnicas estendidas. Nos momentos em que usa o arco para ricochets e outros movimentos (“Garden Maze”), o contrabaixista confere aos temas uma rugosidade e adstringência adicionais que adensam a atmosfera reflexiva que é a matriz do álbum. Por sua vez, quando opta por dar enfâse harmónica aos seus companheiros (“Last Cranes in The Pond”), imiscui-se nas vibrações colectivas que formam o tecido sonoro dos temas. Há ainda espaço para solos de destaque: o de Mimmo em “Those Telegraph Poles”, e o de Corda em “B&W Vanishing Train”, que completam um trabalho ideal para ouvintes à procura de uma experiência de improvisação introspectiva e cerebra

Rockerilla
Aldo Chimenti

[…] Al centro c’è la composizione pura che scolpisce sonorità come scorci di mondi ritrovati nelle pieghe del pensiero, percorsi da fremiti e soliloqui funambolici, da armonie screziate e arie free-form che conducono nell’agone della musica interiore. I 15 racconti sonori di “One way ticket” in realtà sono sinuose danze minimali che vibrano leggere al ritmo dell’universo.

Music Boom
Erika Dagnino

[…] E come nella poesia di Eliot, quei portatori di morte che sembravano aver perso solidità, cancellati dalla grazia di un ambiente miracolosamente favorevole, evocazione di sogno più o meno reale, sembrano essersi metamorfosati in solidi segni/suoni del dolore, rappresentato là dalla consistenza inconsistente di un legno invaso dal caldo o dal fradiciume di un autunno incipiente. Anche nel materiale tematico musicale subentra la nostalgia di un trascendimento, di un significato definitivo, prima e dopo ogni verbalità: risveglio di respiro, e di soffio che si fa suono, voce di sax, e consistenza – ancora una volta sonora e intendendo qui anche il puro soffio e i piccoli rumori dei gesti dei palmi e delle dita sulle chiavi e sul corpo dello strumento – per l’assunzione di un vero senso.

Rolling Stones
Luca Ottolenghi

[…] L’idea musicale di Mimmo, il suo timbro soprano che lo avvicina e lo respinge dalle figure di riferimento, in cui il nitore espositivo e la personale limpidezza si amalgamano con la poesia del suono delle parole di T.S. Eliot e T. Scialoja, che aprono e chiudono il sipario.

Movimenti Prog
Donato Zoppo

[…] Un biglietto di sola andata per gli stati superiori del suono.

Cadence
Jima Santella

[…] Mimmo is quite comfortable with each facet of his performance. Composers Monk, Mingus, and Ellington fare as well as Lacy and Mimmo do. Each comes with a special quality that’s both cool and animated. Mimmo’s deep feeling for his project results in an emotional outpouring that’s both genuine and interesting. He proves that one need not drive into weird histrionics in order to make a unique statement.[…]